quarta-feira, 6 de maio de 2009

Para refletir

Lendo o livro de Laurentino Gomes, 1808, imediatamente me senti apaixonada pela história. História do Brasil, a vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1808. Tomei a liberdade de transcrever aqui algumas passagens que acredito serem relevantes. Segue:
"Os acontecimentos do passado são imutáveis, mas a sua interpretação depende do incansável trabalho de investigação dos pesquisadores e também do julgamento dos leitores dos livros de história. Em 1864, ao apresentar sua obra História da Fundação do Império Brasileiro, em sete volumes, J. M. Pereira da Silva escreveu a seguinte observação a respeito do caráter transitório das verdades históricas:
Pesquisei, estudei, meditei, e comparei impressos e manuscritos, tradições orais e papéis do Estado. Esforcei-me para tirar a limpo a verdade, separando-a do que pudesse obscurecê-la. Com o andar dos tempos e o encontro de novos subsídios, haverá de certo o que modificar e depurar ainda nesta história. Na atualidade, porém e auxiliando-me com as luzes que puder colher, julgo que a devo publicar como senti, compreendi e imaginei."

Em outro momento o livro trata das impressões dos estrangeiros sobre os brasileiros.
"Os desenhos do pintor austríaco Thomas Ender, que em 1817 chegou ao Brasil com a Princesa Leopoldina (recém casada em Viena, por procuração, com o futuro imperador Pedro I), mostram os homens e mulheres paulistas usando chapéus de feltro, de cor cinza e abas largas, presas à copa por cordéis. O casaco e as calças eram de algodão escuro. Botas folgadas de couro cru, tingidas de preto, ficavam seguras abaixo do joelho por correia e fivela. Os homens traziam na cintura ou no cano da bota uma faca comprida, de cabo prateado, que servia de arma de defesa ou de talher nas refeições. Nas viagens pelo interior, a cavalo ou em comboios de mulas, protegiam-se do frio e da chuva usando um poncho azul, comprido e amplo, com abertura por onde enfiavam a cabeça. O traje era tão comum em São Paulo que durante muito tempo foi chamado de “paulista”, até cair em desuso pelo desaparecimento das tropas, passando então a ser considerado como típico do gaúcho do Rio Grande do Sul. Uma peculiaridade chamou a atenção de quase todos os viajantes estrangeiros que passaram por SP nessa época: a grande quantidade de prostitutas que saía às ruas ao anoitecer à cata de tropeiros. Usavam amplos capotes de lã para cobrir os ombros e parte do rosto. Chamado de “baetas”.
John Mawe fala dos hábitos alimentares em MG: Ao almoço, feijão preto misturado com farinha de milho e um pouco de torresmo de toucinho frito ou carne cozido; ao jantar, um pedaço de porco assado; derramam água em um prato de farinha de milho; colocam tudo amontoado na mesa e aí põem também um prato de feijão cozido; cada um se serve à vontade; há apenas uma faca, da qual não fazem uso; um prato ou dois de couve completam o repasto."

Quem tiver oportunidade leia. O livro é bastante acessível e acaba por explicar muitos hábitos mantidos até os dias de hoje.


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