quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Já se Vieram

1. Este CD é o segundo volume de uma parceria com o Marco Aurélio Vasconcelos. Fala pra nós um pouco de como nasceu esse projeto, por que o Marco Aurélio, e como foi escolhido o repertório do mesmo?
O projeto nasceu da necessidade de expressar em versos e canções as imagens e os acontecimentos do povo da fronteira ou de
qualquer parte do interior do pampa sulino.

2.Sobre a escolha do intérprete, fala pra nós.
Com relação ao intérprete e melodista posso dizer que surgiu naturalmente, afinal cresci ouvindo esse multicampeão de califórnias e que, de certa forma, acabou conduzindo também a minha linha pampeana de
inspiração.


3.Quanto ao repertório?
C
anções que registram as imagens desse povo que ainda vive nos fundos de corredor, ou nos ranchos de beira de estrada. Tropeiros, alambradores, posteiros, esquiladores, bolicheiros, peões de estância, domadores. Personagens reais que o tempo insiste em apagar, mas não consegue. Basta um domingo de carreiras e lá estão eles. Nas margens das canchas retas, improvisando um jogo de tava e soltando seus versos onde a
balaca de cada paisano é pura poesia pampeana. 'Não é só butiá que dá em cacho', 'Água que se queima o rancho' e por aí afora. E – de repente – já está na hora de mais uma penca... ainda hoje posso divisar nos caminhos da memória um Dom Segundo (já no fim da vida) mal e mal se segurando em riba do seu pingo e apostando os pilas, que trazia dobrados na guaiaca, com um 'gaucho' chamado

Torquato Flores, mui conhecido por pajador e calavera. O coimeiro, finalmente dá por terminadas as apostas. O tempo parece que para nesse momento... os parelheiros aparecem no partidor... e – como acontece há mais de dois séculos nessas lonjuras da fronteira – ouve-se a frase famosa, que parece haver nascido com o primeiro campeiro, mescla de índio, negro e branco, que povoou estas bandas: 'Já se vieram!'.


4.Teve apoio nesse projeto?
Financeiro: nenhum! Somente de alguns meios de comunicação, como é o caso deste jornal.

5. Tem especial carinho por alguma composição desses dois CDs?
Difícil escolher. A 'Já se vieram!' é uma canção que participou da Califórnia. Junto a ela há muitas que participaram e foram premiadas em festivais. Talvez duas, por serem ternas, sejam as que me chamam muito: Manhazita de inverno (do 'Da mesma raiz') que homenageia de certa forma a minha mãe: professora de campanha da Armada, lugar entre Jaguarão e Herval na costa do Rio Jaguarão na fronteira com o Uruguai e a canção 'Réquiem por don Segundo' que homenageia meu avô carreteiro.

6. Já se vieram, por que esta composição foi escolhida pra dar nome ao CD?
Como está escrito no texto de apresentação, esse é o grito ancestral que avisa a largada em uma cancha reta. Não há ninguém na campanha que não saiba o que significa. Hora de ver se as apostas neste ou naquele parelheiro
deram certo.

7. Como se deu a parte gráfica do Cd, onde foram as fotos, quem fez a produção?
A produção foi feita por um pessoal ligado ao Marcello Caminha e as fotos foram feitas através do próprio Marco Aurélio ou -aqui em Jaguarão - por dois fotógrafos: Alencar Coellho e Elis Vasconcellos. Quero destacar também a organização do lançamento feita pela Mariana Rockembach.

8. Expectativas para esse trabalho?


As de sempre. Que as pessoas gostem e se reconheçam nessas letras e melodias. No que tange a mim, digo que é um orgulho fazer parte de um trabalho com essa lenda do nativismo chamada Marco Aurélio Vasconcellos, ainda mais em um trabalho de arranjos realizado pelo Marcello Caminha, um dos maiores violonistas do Brasil.

9. Músicos participantes?

Marcello Caminha e Carlitos Magallanes.

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