quinta-feira, 17 de junho de 2010

Pagando dívida - SENATRO


Estava em dívida com esse tema, haja vista que em abril deste ano estivemos na cidade de Bom Jesus/RS no Seminário Nacional e Encontro do Cone Sul sobre Tropeirismo, para facilitar: Senatro.

O evento completou nesta edição 20 anos de existência, idealizado por Lucila Sgarbi e outros apaixonados pelo tema, não só apaixonados e sim realizadores, aqueles que conseguem sair do campo dos projetos e colocam em prática seus intentos.

Soube do seminário por um folder há bastante tempo atrás, este ano foi minha terceira visita. A cidade de Bom Jesus através da Secretaria de Educação e Cultura e de seus moradores recebe bem os participantes, saímos ‘falando’, mas falando bem... Simpatia e hospitalidade são sinônimos de Bom Jesus. Obrigada Dona Maria e Seu João por me hospedar, e a toda equipe que trabalhou e lutou duramente para que o evento acontecesse este ano. Mesmo com as crises financeiras a cultura foi exaltada, respira e sobrevive.
Todo um universo envolve o tema desde a culinária até as modificações paisagísticas no caminho. O IPHAN SC esta mapeando a Coxilha Rica, identificando seus bens matérias e imateriais, existe um material farto de trabalhos acadêmicos direcionados a essa pesquisa. E ainda falta muito a ser feito em defesa do patrimônio. Lages, praticamente perdeu seu “centro histórico” existem poucos exemplares das arquiteturas que formaram a região, menos ainda estão tombados e outros correm risco permanente de serem descaracterizados e não existe sequer processo para tombamento destes imóveis. Além do patrimônio material que seriam as construções, ruínas, artefatos arqueológicos tem também o patrimônio ‘imaterial’. Onde se busca preservar o modo de fazer, o jeito de falar, as características que distinguem as regiões. Ano passado foi lançado “Saberes e Fazeres – cores e sabores da Coxilha Rica” das pesquisadoras Eliana Zimmermann, Elisabete Tamanini, Elusa C. O. Machado, Iáscara Varela, Zilma Peixer. O livro trás aspectos do patrimônio imaterial do caminho das tropas, buscando o conhecimento e a valorização das identidades locais e fornecendo subsídios para a construção de alternativas de desenvolvimento territorial sustentável.

Outros aspectos levantados nos seminário foram o tropeiro e o meio ambiente, arquitetura sorocabana, participação feminina, uso dos muares ainda nos dias de hoje, a mão de obra negra durante esse ciclo, o tropeiro castelhano (reseros) – nos países do prata e eles trabalhando nos campos brasileiros. Destaco aqui a participação da museológa Zulema Cañas do distrito de Mataderos – Buenos Aires/AR. Abriu-se ainda espaço para apontar temas que não foram muito explorados tais como caminhos do litoral, diferenças culturais entre esses tropeiros, modos de aproximar o assunto das comunidades escolares, etc.

Carlos Solera também aproveitou o evento para lançar seu mais recente livro “O Alvorecer do Purunã – diários de um imortal em viagens pela história” interessado em saber mais sobre essas aventuras entrar em contato direto com o

autor carlos_solera@hotmail.com.

Obrigada mais uma vez pela hospitalidade e desejo de pleno sucesso e longa duração ao seminário.

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