quarta-feira, 2 de junho de 2010

Gotas de poesia

Petrificado - Lisandro Amaral
... Ficou estendido, para os que vieram comigo: um poncho de luz; petrificadas escritas no pergaminho das horas que nos fizeram cantar...
Petrificado o olhar benzido de sanga buena ou de um lagoão de esperança na face tataraenta de um gúri - cerne empedrado...
E segue o tempo acampado com as pedras pelo caminho. Talvez nas flores do espinho eu mantenha o canto antigo?
Vai teimar morrer comigo, petrificando a memória, de quem respeita a sua história, igual à taipa empedrada, que mesmo pedra nos guarda a alegria molhada no serenal da poesia. Pra se tornar melodia onde apeio o canto antigo que teima viver comigo - nos fogões e pulperias!

Até o fim dos meus dias - Eduardo Muñoz/ Hélvio Casalinho
... A alma não se contenta
enquanto a gêmea não vem
e nem faz causo de nada
pra ofertar-se para alguém...
me toca o peso da cruz
quando a paixão adormece...
serão da carne os pecados
que o coração reconhece?

A vida compõe espelho
em todo e qualquer lugar:
- Por exemplo de glória,
mais um vistaço não lê
toda a essência contida,
que até na face do açude
a lua vem destorcida!

Um tango com a lua - Hélvio Casalinho/ Márcio Nunes Corrêa
...E fui de rosto colado num vento que acariciava
um cambicho sem pecado que do tempo se olvidava...
sabendo que aquele achego tinha o nascente por ninho
já pensava noutro "quarto", em outro golpe de vinho!

Quem sabe na cruz sem nome - Adriano Brasileiro e Fabio Maciel
... Quantas mãos em tempo e rédeas, sofrenaram bons cavalos
pra serem prece e caminho, joelhos ao chão, a teus pés;
olhar nublado e respeito, faces contendo segredos...
sombreiro em paz contra o peito, do lado em que nasce a fé.
...
Quem sabe mais que um espelho, a refletir outra vida.
Pra os que se fazem chegada, caminho, rumo e partida;
que acolhe as preces andantes, destino e "braços abertos";
por compreender entre as sombras, silêncio e sonhos dispersos,
que um dia foram adeus, esperança e um lenço branco...
e o aço esguio de uma lança, fez saudade, espera e pranto,
imagem em tempo de calada, de um simples altar da raça;
onde descansa sem nome, quem não voltou em vaidade,
"no bronze frio de uma praça..."

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